sábado, 5 de novembro de 2011

Diário de Design "Renascença" ─ dia 21

"Não que esteja reclamando, Pai,
mas custava ter me dado um pinto maior não?"
E aí, pessoal, hoje vamos falar um pouco sobre um conceito com o qual estou bastante empolgado para trabalhar no jogo: o humanismo.

O humanismo histórico da Renascença colocava o homem como a medida de todas as coisas: aquele de quem emana o poder político, militar, etc. Enfim, colocava o homem como o elemento definidor da realidade, em vez da visão clássica de que Deus definia a realidade humana. E como é possível trabalhar esse conceito em jogo?

Bem, antes de responder isto, primeiro vamos falar um pouco de algumas idéias soltas para o cenário que para mim já estão praticamente definidas como finais. Acompanhem alguns pedaços do meu arquivo de idéias:
  • Continentes como ilhas no espaço, interconectados apenas por portas dimensionais especificas e longamente esquecidas. No mundo atual, essa interconexão é feita através de navios estelares que singram o espaço sideral entre um continente e outro. Viagens são bastante longas e também perigosas, já que entre as ilhas-continentes vivem monstros estelares e há o perigo de cruzar com piratas espaciais.
  • Há um único deus, mas várias religiões diferentes o cultuando, todas recebendo poderes divinos diferentes. 
  • A magia arcana apenas recentemente foi redescoberta, após a civilização da ilha-continente europeu redescobrir as portas dimensionais que levam às ilhas-continentes do Oriente Médio e África e promover uma guerra santa que acabaram perdendo, a princípio, mas agora uma nova investida (já de posse da magia arcana) está tendo grandes avanços. A porta dimensional para a Ásia é de conhecimento exclusivo de uma cidade-estado italiana que é incrivelmente rica e poderosa graças a esse comércio intercontinental de especiarias e itens raros. 
  • Após a descoberta da magia arcana, muitos dos novos magos e intelectuais em contato com as novas culturas questionam o poder da Igreja, isso leva a resultados diversos. A Espanha segue os desígnios da Igreja e caça bruxos em seus territórios, assim como, em menor escala, França, partes da Itália (uma península fragmentada politicamente) e, a princípio, Inglaterra. 
  • A corrupção da Igreja leva a várias cisões internas da fé, levando ao aparecimento de novas religiões. Aproveitando-se do momento para atingir seus próprios objetivos de poder, vários tiranos e monarcas usam essas novas religiões para se firmarem politicamente dentro de seus próprios estados.
Certo, agora vamos lá, como se dá esse questionamento do poder da igreja? Ora, através do antropocentrismo! Afinal de contas, um mago humanista, ao se deparar com o fato de que as novas religiões, mesmo cultuando o mesmo deus, recebem poderes divinos diferentes, pode argumentar seriamente que na verdade a magia divina nada mais é do que o poder da fé humana alterando a realidade da mesma maneira que os magos humanistas fazem com suas fórmulas, sendo a magia divina, portanto, nada mais que um ramo da magia arcana baseada na fé!

Sim, pois, dirá o mago humanista, com a mudança dos rituais de fé após o advento da nova religião, mudam-se os efeitos sobre a realidade que os clérigos são capazes de realizar, ou "os esquemas ritualísticos de fé humana, ao serem alterados, possuem um efeito diverso da sua alteração de realidade clássica, sendo assim uma amostra de que o poder dito divino vem, em uma análise fria, do próprio clérigo, e não de alguma divindade distante cuja existência não se pode realmente confirmar. Assim, acredito, não sem ressalvas, é claro, que nossa magia arcana e a magia divina são na verdade uma única forma de magia baseada no poder da mente humana sobre a realidade, acessada através de maneira ritualística, pois todo ritual é, em certa medida, uma solidificação dos pensamentos coletivos da humanidade...".

E aí, o que vocês acham? Eu pessoalmente estou muito satisfeito com a forma como estou tratando a questão até aqui, mas não custa perguntar a opinião de vocês, certo? ;)

10 comentários:

  1. Curti o lance dos portais (ummm, na verdade tive uma ideia parecida esses dias, mas pra um cenário a la "Império Romano") e do espaço, com navios estelares. Lembra a animação planeta do Tesouro, e o antigo cenário de D&D Spelljamer. :)

    Compondo esse "espaço" eu sugeriria o éter, umas substância que os filósofos antigos teorizam que ocupava o espaço inter-estelar.

    ResponderExcluir
  2. Gostei do fato dos continentes serem ilhas no espaço. Eu implementaria navios voadores(e meios de transportes menores, também voadores), juntando esses meios de transportes com os perigos que há entre um continente e outro, como por exemplo: piratas saqueadores, me veio logo em mente a animação da Disney O Planeta do Tesouro que é baseada no livro a Ilha do Tesouro de Robert Louis Stevenson.

    Não gostei das ilhas receberem o nome dos continentes da terra real, espero que isso seja só um nome provisório para ajudar a massificar a cultura de cada ilha, pois, de certa forma, quebra o encanto do cenário, uma vez que sempre que o leitor/jogador ler um desses nomes se reportar aos costumes, lugares e imagens reais deste continente. Enfim essa foi minha sensação.

    Gostei também do aspecto religioso, nesse tipo de cenário ou melhor em todo tipo de cenário é sempre bom manter a Igreja muita envolvida (embora no seu projeto a mesma esteja entregue a corrupção) nas decisões principais e tenham influenciam no mundo.

    É isso, vez ou outro venho por aqui ler seus textos, parabéns pelo projeto.

    ResponderExcluir
  3. @Di_Benedetto, estou pensando ainda do que será feito o espaço, e também se as teorias dos próprios intelectuais do cenário terão a correta visão dele ou não. :)

    @Pramon71, e aí, meu querido, quanto tempo, hein? Bons tempos da União do Vapor! =D

    Sobre as ilhas-continentes com nomes reais, é só uma questão de organizar as idéias na fase de projeto mesmo, os nomes serão diferentes quando for para a etapa de efetivamente escrever o livro. :)

    Ah, e os navios estelares (voadores, se preferir) e piratas espaciais estão ali no texto já, pode conferir! ;)

    ResponderExcluir
  4. Faz alguns dias que acompanho o blog mas não sou muito de comentar. Achei interessante o tema, e tbm por usar o Trpg. Francisconi tem plano somente para uma, ou poucas aventuras? ou esta nos planos um cenario mesmo?

    ResponderExcluir
  5. @Morbidus, o plano é iniciar com a aventura e daí, caso seja bem recebido, partir para vôos mais altos. Coincidentemente hoje estava fazendo o planejamento para o caso da linha dar certo, e vislumbro, pelo menos, uns três lançamentos por ano neste caso.

    ResponderExcluir
  6. gostei de todas as idéias XD a primeira tem um pouco no meu cenário, e o deus com cultos diferentes é especialmente interessante.

    mas então você tá pensando em lançar a aventura mesmo?

    ResponderExcluir
  7. @papelrasgado, yeap. O plano é iniciar a linha com a aventura e um quickstart gratuito do cenário, se as vendas forem boas, lanço um livro básico do cenário.

    ResponderExcluir
  8. e uma pergunta, talvez seja um pouco cedo para perguntar mais la vai, em relação a magias, classes, talentos, e tudo mais, pretende criar todo esse material do 0? ou reciclar alguns "classicos" do tormenta?

    ResponderExcluir
  9. @Morbidus, o sistema será Tormenta RPG, talvez uma ou outra regra/classe/talento não seja recomendada ou receba alguma modificação para fechar com o cenário, mas fora isso o sistema deve se manter o mesmo.

    ResponderExcluir